O atacante Bruno Henrique está como opção no banco de reservas em Flamengo x Juventude, nesta quarta-feira (16/04). Ele foi relacionado pelo técnico Filipe Luís mesmo após ter sido indiciado pela Polícia Federal por fraude em competição esportiva.
Bruno Henrique, no entanto, perdeu vaga no time titular por opção técnica. Ele tinha começado entre os 11 iniciais no último domingo (13/04), contra o Grêmio.
Na internet, surgiu a dúvida se o Flamengo pode ser punido pela utilização de Bruno Henrique. O Sporting News explica.
Bruno Henrique pode jogar?
Em termos legais, como não há denúncia do STJD aberta no momento, Bruno Henrique tem condições de enfrentar o Juventude. Nos próximos dias, porém, o atacante pode receber suspensão preventiva.
O jogador sempre afirmou ser inocente e, por isso, não foi afastado pelo Flamengo em novembro do ano passado, quando foi alvo de busca da PF, e nem agora. O Rubro-Negro diz que confia no jogador e que ele goza de "presunção de inocência".
Caso Bruno Henrique: Flamengo pode ser punido?
O Flamengo não pode ser punido no episódio. Tanto a Lei Geral do Esporte quanto os códigos esportivos da Fifa e do Código Brasileiro de Justiça Desportiva não preveem punição para os clubes.
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— Flamengo (@Flamengo) April 16, 2025
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Caso Bruno Henrique: qual é a acusação
O indiciamento pela PF aconteceu na última segunda-feira (14/04). Ele e mais dez pessoas entraram em lista de indiciados. Os investigadores encontraram, no aparelho celular do irmão de Bruno Henrique, trocas de mensagens que comprometem o jogador e o colocam diretamente ligado a um esquema de apostas. O atleta foi indiciado por estelionato e fraude em competição esportiva. Há suspeita do recebimento de um cartão de forma proposital.
A investigação foi iniciada em novembro do ano passado. Bruno Henrique é suspeito de ter tomado cartão propositalmente no jogo contra o Santos, pelo Campeonato Brasileiro de 2023, em 1º de novembro de 2023, para beneficiar apostadores que seriam próximos a ele.
Ele recebeu cartão amarelo e depois vermelho em questão de segundos, aos 50 minutos do segundo tempo. O amarelo aconteceu após falta em Soteldo. Já a expulsão ocorreu por conta de reclamação forte com o árbitro Rafael Rodrigo Klein. Rafael explicou todo o episódio na súmula:
"Informo que expulsei, por decorrência do cartão vermelho direto, o sr. Bruno Henrique Pinto, por me ofender com as seguintes palavras: “Você é um merda”, com o dedo em riste em direção ao meu rosto, após a marcação de uma falta e também após ter sido advertido com cartão amarelo. Após ser expulso, o atleta veio em minha direção, sendo contido pelos seus companheiros. Informo que me senti ofendido."
O Flamengo perdeu o jogo por 2 a 1.
🚨 O cartão suspeito de Bruno Henrique.
— Gols do Brasileirão ⚽️🇧🇷 (@golsdobrasil1) April 16, 2025
O jogador foi expulso no lance, esse cartão teria sido proposital para beneficiar familiares do jogador em APOSTAS.
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Caso Bruno Henrique: as mensagens no WhatsApp
A PF analisou 3.989 conversas no WhatsApp de Bruno Henrique, sendo muitas delas vazias ou apagadas. Para os investigadores, isso pode indicar que o atacante deletou parte dos registros. Os agentes também apreenderam o celular do irmão do jogador, Wander Nunes Pinto Júnior, e identificaram diálogos que mostram o envolvimento de Bruno Henrique no esquema para receber um cartão amarelo contra o Santos.
Bruno e o irmão, Wander, também alvo da operação da PF em novembro do ano passado, trocaram mensagens em 29 de agosto de 2023, quando Wander questionou o irmão sobre ele estar pendurado no Brasileirão:
"O tio você está com 2 cartão no brasileiro?"
Em resposta, o atacante escreveu: "Sim".
Wander segue: "Quando pessoal mandar tomar o 3 liga nós hein kkkk"
Bruno Henrique responde: "Contra o Santos".
Na sequência, Wander escreve: "Daqui quantas semanas?"
Bruno Henrique: "Olha aí no Google"
Wander: "29 de outubro", "Será que você vai aguentar ficar até lá sem cartão kkkkkk"
Bruno Henrique: "Não vou reclamar", "Só se eu entrar forte em alguém"
Wander então responde: "Boua já vou guardar o dinheiro investimento com sucesso"
Caso Bruno Henrique: possível punição
Existem dois artigos na Lei Geral do Esporte que preveem prisão de dois a seis anos e multa para casos de "alterar ou falsear o resultado de competição esportiva" e "contribuir para que se fraude o resultado de competição esportiva".
O Código de Ética da Fifa prevê penas de multa e banimento de até três anos para jogadores envolvidos com apostas. O Código Brasileiro de Justiça Desportiva prevê, em caso de condenação, multa de até R$ 100 mil e suspensão de até 720 dias.
Em 5 de novembro, horas depois da operação de buscas da Polícia Federal, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) revelou que tinha recebido uma alerta da Conmebol em agosto de 2024 sobre o episódio, mas havia arquivado por falta de provas.
A decisão saiu após análise da empresa "Sportsradar", que apresentou relatório com a conclusão de que não identificou irregularidades.
"A Procuradoria considerou que o alerta não apontou nenhum indício de proveito econômico do atleta, uma vez que os eventuais lucros das apostas reportados no alerta seriam ínfimos, quando comparados ao salário mensal do jogador", comentou o STJD.
Com o novo cenário, o caso deve ser reaberto pelo STJD. Porém, ainda é cedo para fazer uma previsão sobre data de julgamento.
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Caso Bruno Henrique: como foram as apostas
Segundo a Polícia Federal, existiram dois núcleos de apostadores. Um deles, formado por parentes diretos de Bruno Henrique, têm três pessoas: o irmão dele, a cunhada (mulher do irmão) e uma prima do jogador. O outro é formado por seis pessoas, a maioria delas com algum tipo de ligação com futebol – ex-jogadores de times amadores ou de futebol 7. Os dois grupos não têm relação, são dois núcleos diferentes. Em comum, apenas o fato de que todos moram em Belo Horizonte ou na região metropolitana da capital mineira.
Todos fizeram o mesmo tipo de aposta: que Bruno Henrique tomaria um cartão. A PF conseguiu detectar 13 apostas diferentes, feitas em três casas de apostas, por nove apostadores diferentes: três do núcleo de parentes e seis do "núcleo futebol". A investigação não descarta que outras apostas tenham sido feitas em outras empresas.
Entre os valores identificados de apostas para Bruno Henrique tomar cartão no jogo contra o Santos, estão os seguintes:
- R$ 3.050,00 para ganhar R$ 9.150,00 (lucro de R$ 6.100,00)
- R$ 2.300,00 para ganhar R$ 7.000,00 (lucro de R$ 4.700,00)
- R$ 1.500,00 para ganhar R$ 4.550,00 (lucro de R$ 3.050,00)
Isto não quer dizer que estes sejam os totais dos valores envolvidos no caso. Pelo menos uma das casas de apostas, a Betano, relatou ter retirado a do ar a possibilidade de apostar em cartão de Bruno Henrique quando percebeu movimentações incomuns.
Em 29 de julho de 2024, a CBF recebeu um alerta da IBIA (International Betting Integrity Association, órgão internacional sobre integridade do setor de apostas), encaminhado pela Conmebol, que alertava ser suspeita a movimentação de apostas para o cartão de Bruno Henrique.
A IBIA destacou a questão de as contas terem sido criadas na véspera ou no dia do jogo entre Flamengo e Santos, além do fato de várias apostas terem sido nos mesmos valores, no valor máximo permitido por cada casa de aposta e concentradas em um período curto de tempo.
A CBF então encaminhou o alerta para a PF, o Ministério Público do Distrito Federal (porque o jogo foi em Brasília) e o STJD. A PF assumiu a investigação e procurou a Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) do Ministério da Fazenda, responsável pela regulamentação das bets no Brasil. A SPA, a pedido da PF, identificou os representantes das casas de apostas no Brasil.
A PF, então, pediu às casas de apostas as identidades dos apostadores sobre os quais recaíam as suspeitas do relatório da IBIA. De posse dessas informações, a PF formulou à Justiça os pedidos de busca e apreensão.
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