Por que Vasco barrou a contratação de Paulinho em 2022?

Diego de Oliveira

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Divulgação Vasco e Divulgação Atlético-MG

O Vasco enfrenta o Atlético-MG nesta quarta-feira (02/10), às 19h15 (de Brasília), pelo jogo de ida das semifinais da Copa do Brasil. A partida será na Arena MRV, em Belo Horizonte. O duelo colocará frente a frente o Cruzmaltino e o camisa 10 do Galo, um velho conhecido da torcida carioca: o atacante Paulinho.

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Vascaíno declarado, Paulinho foi negociado pelo Cruzmaltino para o Bayer Leverkusen, da Alemanha, em 2018. Em 2022, o jogador se ofereceu para fechar com o Vasco, clube que o revelou, mas o negócio não foi para a frente.

Por que o Vasco não contratou Paulinho?

De acordo com Paulo Bracks, gestor do Vasco na época, o negócio foi barrado por Luiz Mello, ex-CEO do Vasco, e pela 777 Partners, dona da SAF do clube.

— Tema polêmico, e mais um em que apanhei sem me defender, para preservar as partes envolvidas. Eu procurei o empresário do jogador quando estávamos na Série B. O interesse era dos dois lados, sim, mas os números não eram altos, eram impossíveis para o orçamento do clube. E essa negativa não foi minha. Foi de quem tinha a caneta e o controle do financeiro. E não estou dizendo que não valia. Valia, e como valia, mas não tinha autorização para fazer. Ponto —, disse Bracks ao "ge" em 2023.

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De acordo com a publicação, a 777 à época teria outras prioridades no mercado e acreditaria que a chegada de Paulinho comprometeria uma parcela muito grande do orçamento. No final de 2022, o atacante foi contratado pelo Atlético-MG.

Paulinho afirmou no final de 2023 que gostaria de voltar ao Vasco no futuro, clube que o revelou ao futebol, mas que, no momento, tem como foco o trabalho no Atlético-MG.

— Com certeza. É o clube que me criou, me mostrou para o mundo... Claro que, se um dia for possível voltar, ficaria muito feliz em voltar para casa. A gente nunca sabe o que vai acontecer no futuro. Meu foco hoje é ajudar o Galo a estar nas cabeças do futebol brasileiro — disse Paulinho ao canal "Pai da Batida".

Por que a 777 deixou a SAF do Vasco?

A 777 passou por um processo de perda de controle dos clubes que detinha o controle da SAF. A empresa passou por problemas financeiros e a A-CAP, uma seguradora, agora administra a compania.

- Fui informado de que a 777 não é mais controladora do futebol, de nenhum time de futebol. Eles, através do Josh e sua diretoria, foram destituídos do controle do futebol. Isso prova para muitas pessoas que bateram na liminar que nós estávamos corretos. Nós salvamos o Vasco de uma massa falida, que isso fique claro. Como nós já havíamos previsto isso, conseguimos nos estruturar para que não acontecesse o pior -, afirmou Pedrinho, presidente do Vasco, em julho de 2024.

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O Vasco, antes mesmo do problema da 777 se tornar público, conseguiu uma liminar para afastar a empresao do controle do clube, em maio deste ano. A decisão judicial colocou 69% das ações da SAF com o Vasco associativo.

No início de maio, a Justiça dos Estados Unidos entrou com um processo contra a 777 acusando a empresa de fraude por pegar um empréstimo de 350 milhões de dólares - cerca de R$ 1,9 bilhões - dando garantias que não pertenciam à 777 ou que sequer existiam.

Além do Vasco, a 777 Partners era dona do Sevilla, da Espanha, do Genoa, da Itália, do Standard de Liège, da Bélgica, do Red Star, da França, do Melbourne Victory, da Austrália, do Hertha Berlim, da Alemanha, e do Everton, da Inglaterra.

Como está a situação do Vasco após a saída da 777?

Pedrinho afirmou no sorteio das semifinais da Copa do Brasil, em agosto de 2024, que a 777 deixou uma dívida de mais de R$ 170 milhões em salários não pagos, contratações, luvas e comissões de empresários.

- Tem vários imbróglios que vão surgindo de uma forma ruim em relação à A-CAP e à 777. Muita coisa pode acontecer ainda. Para deixar claro, eu queria que o sócio antigo tivesse dado certo. Eu não tirei a 777, ela faliu. Ela descumpriu acordos contratuais e faliu. A minha intenção foi antes do Vasco quebrar. Eu não tirei, intervi. A responsabilidade agora é minha. Encontrei um cenário totalmente diferente. Temos uma dívida praticamente de R$ 170 milhões -, disse Pedrinho.

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Um dos "rombos" nas contas do Vasco seriam os altos salários pagos pela 777 a jogadores que não eram aproveitados pelo time. Com isso, enxugar a folha de pagamentos se tornou uma prioridade para Pedrinho apesar da dificuldade.

- Para você aliviar a folha é muito difícil. Nós estamos falando de jogadores que ganham R$ 480 mil e nem relacionados são, e aí como que você faz essa negociação? Como que você dilui isso? Qual time que tem condição de pagar metade disso? Então assim, é lógico que a gente conseguiu esvaziar um pouquinho a folha, mas muito aquém do que você diluí-la com o pagamento integral desses atletas, onde teríamos, de repente uma brecha na folha de R$ 1 milhão, R$ 1,5 milhão. É muito distante disso -, finalizou o mandatário do Cruzmaltino.

O Vasco teria condição de manter o futebol do clube até ao menos o final do Carioca de 2025 - isso sem receber uma injeção financeira de uma empresa parceira. O clube segue ouvindo interessados em adquirir a SAF do clube, mas não há novidades sobre o assunto.

Diego de Oliveira

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Diego de Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade de São Paulo, turma de 2011. Trabalhou na TNT Sports por 11 anos e está no The Sporting News desde 2024.